ultimos cantos.
63

Morreste como a folha verde e bella
N’um tronco forte a despontar louça,
Não arrancada á sanha da procella,
Mas leve solta aos beijos da manhã.

Morreste! como lampada brilhante,
Inda virgem, sem dar myslica luz;
Ou turib’lo d’incenso crepitante,
Esquecido nos braços de uma cruz.

Morreste! e os anjos da eternal morada
Levárão entre palmas e capellas
Tua alma, como uma harpa não tocada,
Áquelle, cujo throno é sobre estrellas,

Morreste! como aurora sem poente,
Como flor que perfume inda exhalava,
Como o sopro da brisa recendente,
Como a onda que apenas se formava.

Nenhum bulcão toldou a aurora maga,
Em quanto no horisonte apavonou-se,
A brisa em vendaval não transtornou-se;
A folha em cinza, nem a onda em vaga.