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— "Não póde ser, respondeu, o regulamento prohibe sapos na torre; só com ordem superior.

Ora eu tenho corrido mundo, sei que marosca é essa de ordens superiores. Metti a mão no bolso e cochichei-lhe o argumento decisivo. O pharoleiro reluctou uns instantes, mas corrompeu-se mais depressa do que supuz e, guardando o dinheiro, disse:

— "Procure o Dunga, patrão da "Gaivota Branca", terceiro armazem. Diga-lhe que já falou commigo. De quinta-feira em diante. E bico, hein?

Prometti-lh'o caladissimo e tornei ao cáes em cata do Dunga. Que sim — foi a resposta do ilhéu palavroso, logo que expuz o negocio — já fizera isso certa vez a "outro maluco", e sabia prender á lingua para não atazanar a vida dos amigos.

E como me informasse do pharoleiro:

— "E' Gerebita, d'appellido ganho no "Puru's", onde serviu como grumete. Ao depois se metteu na lanterna, pr'amor d'amores, o aiarve, como se faltassem ellas por ahi, e bem catitas. Mulheres! A mim é que não empecem, as songuinhas. O demo as tolha, que eu...

E foi pelas mulheres além, a dar de rijo, com razões nem melhores nem peiores que as de Schopenhauer d'alto bordo.

No dia aprazado, antemanhã, a "Gaivota", largava de rumo ao pharol. Saltei n'um atracadouro tosco, de difficil abordagem. Encontrei o pharoleiro occupado em pulir os metaes da lanterna. Recebeu-me de boa sombra, largando o esfregão para fazer as honras da casa. Examinei tudo, dos alicerces ao lanternim, e á hora d'almoço já entendia de pharol mais que uma encyclopedia. Gerebita deu