O estigma



UI um dia a Itaóca levado pelas simples indicações do sujeito que me alugou a cavalgadura: — Não tem errada. É ir andando. Em caso de duvida, pegue a trilha. dos carros, que vae certo.

Assim fiz, e lá cheguei sem novidade.

No dia da volta, porém, choveu á noite como só chove por aquelles sertões, e na primeira encruzilhada parei desnorteado. Como me apagára o enxurro todos sulcos da carraria, alli fiquei um pedaço, feito o asno de Buridan, á espera d’algum passante que me abrisse os olhos. Não appareceu viva’lma, e a minha impaciencia empurrou-me ao acaso por uma das pernas do V embaraçador. Caminhei cerca de hora na duvida e, por fim, a vista d’uma fazenda desconhecida deu-me a certeza do transvio. Resolvi portar. Abeiro-me do portão e grito o "ó de casa". Abre-m’o um negro velho occupado em abanar feijão no terreiro.

— O patrãosinho é lá em cima, na casa grande.

Dirijo-me para lá, depois de entregue o cavallo, e subo pela escadaria de pedra fronteiriça ao casarão senhorial. Um grupo de crianças brincava por ali, em torno d’una fogueirinha de gravetos muito fumarenta.

— Fumaça para lá, santinha para cá.