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occupação era seguir de olhos os navios que repontavam ao largo té vel-os sumirem na curva das aguas. Velas, poucas alvejavam, tirante barquinhas de pesca. Mas uma que surgia lá nos levava os olhos e a imaginação.

Como casa bem com o mar o barco de vela! E que sordido baratão craquento é ao pé delle o navio de vapor!

Escunas, corvetas, pequeninos "cutters", fragatas, lugres, brigues, hiates... O que lá vae passando de leveza e graça!... Substituem-n'as, ás garças leves, feios escaravelhos de ferro e pixe; a ellas, que viviam de brisas e ventos, negros comedores de carvão, bicharocos que mugem roncos de touro enrouquecido.

Progresso amigo, tu és commodo, és delicioso, mas feio a valer.

Que fizeste da coisa linda que é a vela enfunada? do barco á antiga, onde resoavam canções de maruja, e todo se enleava de cordame, e trazia gageiro na gavea, e lndas de serpentes marinhas na bocca dos marinheiros, e a Nossa Senhora dos Navegantes em todas as almas, e o medo das sereias em todas as imaginações?

Desfez-se a poesia do reino encantado de Amphitrita ao ronco dos "Lusitanias", hoteis ambulantes com "garçons" em vez de "lobos do mar", incaracteristicos, cosmopolitas, sem donaire, sem capitães de suiças, pettorescos no falar como seiscentos milhões de caravellas. O carvão sujou a aquarella maravilhosa que Hannon e Ulysses vinha pintando o veleiro na tela oceanica...

— Se pára o caso dos louco e te mettes por intermezos poeticos para uso de meninas