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craca a um ilhéo tambem de pedra. Terá poesia de longe; de perto é allucinante.

— Mas o Gerebita...

— Uma leitura de Kipling despertou-me a curiosidade de conhecer um pharol por dentro.

— "O perturbador do trafego?"

— Parabens pela argucia. Foi justamente a historia do Dowse o ponto inicial do meu drama.

Esse desejo incubou-se-me cá dentro, á espera d'occasião para grelar.

Certo dia fui espairecer ao cáes, e lá estava, de mãos ás costas, a seguir o vôo dos joão-grandes e a notar a gamma dos verdes luzentes que a sombra dos barcos ondeia na agua represada dos portos, quando abicou uma lancha e vi saltar em terra um homem de feições duras e pelle encorreada. Ao passar por pé d'um magote de catraeiros, um delles chasqueou em tom amolecado:

— "Gerebita, como vae a Maria Rita?

O desembarcadiço rosnou um palavrão de grosso calibre, e seguiu caminho, de sobrecenho carregado.

Interessou-me aquelle typo.

— "Quem é? indaguei.

— "Pois quem ha de ser senão o pharoleiro dos Albatrozes? Não vê a lancha?

De facto, a lancha era do pharol. A velha ideia deu-me cotoveladas: é hora!

Fui-lhe no encalço.

— "Sr. Gerebita..."

O homem entreparou, como admirado de ouvir-se nomear por bocca desconhecida. Emparelhei-me com elle e, enquanto andavamos, fui-lhe expondo os meus projetos.