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de Paulo Gonçalues d'Andrada.
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II.

A Admiração que fala mudamente,
Lingua immortal, da verdadeira fama,
Chegue, donde não chega humano alento
E em confuſas rezoens ſẽpre eloquente,
Nas vozes miſterioſas, que derrama,
Sò capazes dum grão merecimento,
Ao mundo todo, atento
A voſsas obras, voſſas obras diga,
Que a atenção, que futil as conſidera,
Poſto que tanto as ſiga,
Tanto de comprehendellas deſeſpera,
Que porque eterno voſso nome fique
O encomenda ao ſilencio, que o publique,
Que rethoricamente, bem que mudo,
Fala o ſilencio, quando cala tudo.

G3
Claro