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a terra, semeiar, plantar raizes, e por unica recompensa de seos trabalhos só comem farinha, e raizes passadas por um rallador, feito de pedrinhas agudas, engastadas n’uma taboa da largura de meio pé.

Cosinham a farinha n’uma grande panella de barro, ao fogo, como amplamente está escripto na Historia do R. Padre Claudio d’Abbeville.

É tão patente sua torpesa, que suas mulheres e filhas, embora honestas, sentem repugnancia de se vestirem. Trazem o hombro descuberto, sujeito á este grande captiveiro, commum a todas as nações. Mostram suas coxas, e a falta de castidade está em uso entre elles sem reprovação, menos o adulterio.

Passam rios buscando ilhas incognitas atraz de segurança.

 


CAPITULO XV

Leis do Captiveiro.


Já que estamos fallando dos escravos bom é tratar das leis do captiveiro, isto é, das que devem guardar os escravos.

Primeiramente não devem tocar na mulher do seo senhor, sob pena de serem flexados logo, e a mulher morta ou pelo menos bem açoitada, e entregue a seos Paes, resultando-lhe muita vergonha de ser companheira de um dos seos servos.

Notae, que as raparigas não são despresadas por se entregarem a quem muito bem lhes parece em quanto solteiras, logo porem que recebem um marido, si se entregam a