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outro, alem da injuria de serem chamadas Patakeres, quer dizer, prostitutas, tem seos maridos o poder de matal-as, açoital-as e repudial-as.

É bem verdade terem os francezes abrandado esta lei tão rude, não dando permissão aos maridos de matar tanto o escravo como a mulher adultera, ordenando que fossem conduzidos ao Forte de São Luiz para vêr punil-as, ou elle mesmo infringir-lhes o castigo, como vi acontecer, entre outros factos, no adulterio commettido entre a mulher do Principal Uyrapyran, e um escravo, bonito rapaz.

Tinha o referido escravo muito amor a esta mulher, e depois de ter cogitado todos os meios de gosal-a, vio-a ir um dia á fonte, muito longe da aldeia, foi logo atraz expôr-lhe sua vontade, e depois agarrando-a com violencia entranhou-se com ella n’um bosque, onde saciou seos desejos, e como ella era de boa familia não quiz gritar para não ser diffamada, e ainda em cima pedio segredo ao escravo.

Enfadado o marido com a grande demora da mulher, e desconfiando de alguma cousa por ser bonita e agradavel, foi á fonte, onde encontrou junto a borda o pote de sua mulher cheio d’agoa, e lançando a vista ao redor, como costumam a praticar os homens ciumentos, vio sahir sua mulher de um lado do bosque e o escravo de outro. Agarrou o escravo pelo colleirinho, e confiou-o à guarda dos seos amigos, e levou sua mulher para casa de seos paes, que se comprometteram a entregal-a quando pedisse.

Na manhã seguinte, em companhia dos seos, levou este escravo á minha casa, expondo-me o facto como acima referi, acrescentando que si não fosse o respeito ás recommendações dos Padres e dos Francezes, elle teria matado o escravo, perdoando comtudo a sua mulher visto ter sido forçada, a qual ja havia entregado a seos parentes com intenção de repudial-a.

Louvei a sua obediencia e respeito: era na verdade um homem bem feito, de bonito rosto, e bom corpo, fallando