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Si o menino tem sêde, por gestos sabe pedir o peito de sua mãe.

Em tão tenra idade mostram o respeito e o dever, que a natureza lhes dá, porque não são gritadores, comtanto que vejam suas mães, e ficam no lugar onde os deixam.

Quando vão trabalhar nas roças ellas as assentam nuasinhas na areia ou na terra, onde ficam caladinhas, ainda que o ardor do sol lhes dê no rosto ou no corpo.

Qual seria de nós, que hoje poderia viver soffrendo na primeira idade tantos encommodos?

Esperam os nossos paes a retribuição e dever, que principiamos a pagar-lhes desde a primeira idade, si não estão cegos pelo amor que nos tem; o mesmo devem esperar nas outras idades, sendo mais reconhecidos os nossos deveres para com elles, custe o que custar-nos.

Começa a segunda idade, quando o menino anima-se a andar sosinho, e apezar de haver alguma confusão da-se-lhe o mesmo nome.

Observei differença na maneira de criar os meninos, que não sabem andar, e os que se esforçam para o fazer, o que nos leva a formar outra classe, e dar-lhe nome proprio: chama-se Kunumy-miry, «rapazinho»[NCH 38] e abrange até 7 a 8 annos.

Durante este tempo não se separam de suas mães, e nem acompanham seos Paes, e o que é mais, deixam-nos mamar até que por si mesmo aborreçam o peito, habituando-se pouco a pouco ás comidas grosseiras como os grandes e adultos.

Dão lhes pequenos arcos e flexas proporcionaes ás suas forças, reunindo-se uns aos outros plantam e juntam algumas cabaças, nas quaes fazem alvo para o tiro das suas flechas adextrando assim bem cêdo seos braços.

Não açoitam, e nem castigam seos filhos, que obedecem a seos paes e respeitam os mais velhos.

È muito agradavel esta idade dos meninos, e n’ella podereis descobrir a differença existente entre nós pela naturesa