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Apesar d’isto ser privativo d’esta idade, assim como o homem é pelos Latinos chamado vir, á virtude, e em Francez idade viril, de virilidade, quer dizer — a força, que no homem chegou a seu termo: n’esta mesma lingua de selvagens a palavra Aua, de que procede Auaté, quer dizer «forte, robusto, valente, audacioso», para significar a 5ª idade dos seos filhos.

N’essa occasião como guerreiros são bons para combater, nunca porem para commandar: buscam casar-se, o que não é difficil por consistir o enxoval da noiva apenas de algumas cabaças, que lhes dá sua mãe para principiar sua casa, vestidos, e roupas, ao contrario em nosso paiz as mães fornecem enfeites e pedras brancas a suas filhas.

Os paes dão por dote aos maridos de suas filhas 30 ou 40 toros de pau de tamanho proprio a poderem ser levados á casa do noivo, os quaes servem para com elles se accender o fogo das bodas: o individuo casado de novo não se chama Aua, e sim Mendar-amo.

Embora sejam casados o homem e a mulher não ficam livres da obrigação natural de proteger seos paes e ajudal-os a fazer suas roças.

Soube d’isto em minha casa, vendo a filha de Japy-açú, baptisada e casada á face da Igreja, dizer a um outro selvagem, seo marido, tambem christão, quando pretendia ir a Tapuitapera ajudar o Rvd. Padre Arsenio no baptismo de muitos selvagens, «Onde queres ir? Tu bem sabes que ainda não se fizeram as roças de meo Pae, e que ha falta de mantimentos: não sabes, que si elle me deo a ti foi com a obrigação de o auxiliares na velhice? Si queres abandonal-o então volto para a casa d’elle.»

Advertiram-na á respeito d’estas ultimas palavras, fazendo-a reconhecer o juramento que dera, de nunca abandonal-o ou separar-se d’elle, louvando-se comtudo muito os outros sentimentos, que manifestou á favor de seo Pae, e praza a Deos que todos os christãos a imitassem dando verdadeira