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«Não, disse elle, eu e os meos recebemos ordem de não saltar em terra». Tanto porem instaram com elle, quase recebendo refens, consentio alguns dos seos saltar em Tapuitapera, onde foram muito bem tratados, e ahi adquirindo, em troca de generos, que levaram, alguns machados e foices, regressaram mui contentes.

Durante essa visita, conservaram-se a nado as canoas, os remos armados, e tudo prestes se houvesse alguma traição. Tinham os outros as flechas e os arcos promptos, tanto desconfiam estas nações umas das outras!

Apenas chegaram os seos, restituiram os refens, e foram-se em paz. Deos os guie e os traga ao seo gremio.

Quanto á viagem ao Uarpy,[NCH 64][1] rio e região, em distancia para mais de 120 legoas da Ilha, lá para as bandas dos Caietés, foi emprehendida pelo Sr. de Pezieux, com alguns francezes, e duzentos selvagens pelos seguintes motivos.

Primeiro: para descobrir uma mina de oiro e prata na distancia de 100 legoas acima do rio, d’onde os selvagens nos trouxeram enxofre mineral, muito bom, e por tanto havia esperança de serem as minas boas e abundantes.

Tem me esquecido dizer, que ha em toda esta terra grande numero de minas de oiro, misturado com cobre, de prata misturada com chumbo,[NCH 65] o que provam as agoas mineraes que descem dos montes.

Segundo: para traser comsigo uma nação de Tabajares, habitante das margens do Rio.

Terceiro: para procurar uma nação de cabellos compridos por ahi errante, os quaes são doceis, faceis de serem civilisados, e que negociam com os Tupinambás.

Si se realisarem estas coisas, como creio, a Ilha será em pouco tempo rica de generos cultivados por todos estes selvagens reunidos, e tornar-se-ha forte contra a invasão dos portuguezes,

  1. Gurupy. — Do traductor.