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Ha melros como os de França, iguaes na plumagem e no canto, que espandem suas pennas á vontade no fim das chuvas, quando vem o bom tempo visitar os habitantes da zona tórrida: no fim do bom tempo e principio das chuvas soltam um canto triste, como que chorando o passado, e prevendo as tempestades do inverno, si tal nome merece.

Ha muitos passarinhos de bellesa incrivel: uns pardos, outros cor de violeta, azulados, amarellos e mesclados: fazem os selvagens penachos de suas pennas, que são muito caras por ser difficil matal-os, porque presentindo o inimigo, que os busca, trepam-se no cume das arvores mais altas, nas pontas dos ramos, fazem seos ninhos os quaes amarram com uma embira muito forte, e na outra extremidade que cahe no sollo, fabricam uma especie de pote de terra, no qual criam seos filhos entrando por um só buraco, proporcional á sua grossura.

Trouxe para França esses passarinhos, que aqui causaram muita admiração.

Possue o Maranhão um genero de passarinhos, que não excede no corpo á extremidade do pollegar, e acrescento com todas as suas pennas, e tem canto melodioso, que faz lembrar o das andorinhas, que imitam quando querem cantar: levantam o bico, e soltam o canto o mais alto, que podem, e o sustentam em quanto o permittem suas azas.

Fazem suas casas junto ás fontes, onde muitas vezes vão banhar suas azinhas para mais facilmente voarem alto. Ahi perto fazem seos ninhos, e imaginae o tamanho dos ovos, que chegam de 5 a 7: seos filhinhos ainda são de mais admiravel pequenez.

São tão fecundos, que os meninos enchem cabaças de ovos d’elles.

Ha de diversas cores, amarellos, violetas, pardos, etc.