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Si nada de lá se trouxer (callando o que si deve dizer em publico) provem da má direcção dos negocios, cuidando cada um de si, o que tem feito com que haja pouco sortimento de mercadorias francezas, necessarias aos selvagens, e pelas quaes dão algodão, tinturas, pimentas, e outras coisas similhantes, alem de outros generos, que por si mesmo possam obter os francezes.

Vendo os selvagens a pobresa dos armazens, onde apenas haviam mercadorias para com ellas si comprar farinha, ficam preguiçosos, nada fazem e nem farão emquanto os francezes não tiverem coisa alguma a dar-lhes em recompensa: tal é o seo genio e assim o farão, e por isto não merecem censura, por que em todo o Christianismo não si encontra um só homem, que trabalhe de graça.

Não vos admireis si nada tragam, e sim si na primeira viagem conduzirem comsigo alguma coisa.

Não me prendo as rasões ja ditas, e outras, que callo, e sim no caso de provêr-se á esta falta, como convem, eu vos asseguro que a Ilha e suas circumvisinhanças ainda produzirão bons estofos.

Tendo satisfeito a todas as perguntas e objecções sinto repugnancia em responder a muitos mancebos, que por bens de fortuna somente possuem a espada e o punhal, mais que ricos de coragem cortam muitas vezes a garganta uns dos outros, e vão em companhia para um paiz bem triste, onde navio algum vae levar novidades.

Desejaria perguntar-lhes — que fazeis em França senão esposar questões de vossos irmãos mais velhos? Porque não experimentaes fortuna, ou ao menos porque não ides enriquecer vosso espirito com a vista de coisas novas? Passarieis assim o vosso tempo, em quanto si aplaca o vosso coração, e si fortalece o vosso juiso: prestarieis serviço a Deos e ao vosso Rei visitando esta nova França.

Ahi descobrireis novas terras, achareis alguma coisa de valor, como sejam pedras preciosas etc., e quando mais não fosse, bastaria que, quando voltardes, não ficasseis mudo