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Ceo aberto, e para elle irem subindo muitas pessoas vestidas de branco, e atraz d’ellas muitos Tupinambás a medida, que eram por nós baptisados.

Disseram-lhe na visita que as pessoas vestidas de branco eram Caraybas, isto é, francezes ou christãos,[NCH 94] conhecedores de Deos e do baptismo desde a mais remota antiguidade, e que os selvagens, que os acompanham, eram lavados por nós, e acreditam em Deos, em nossas palavras e de nossas mãos recebiam o baptismo.

Despertando, não disse palavra, porem ficou muito pensativo e melancolico, e assim embarcou, e foi para a sua terra.

Chegando a sua casa todos o desconheceram, e lhe perguntaram o que sentia, e si havia recebido alguma desfeita dos francezes em Yviret.

Sem dar resposta alguma de dia para dia mais se entristecia, fugia da companhia de seos similhantes passeando só em suas roças e bosques, onde foi accommettido por estes espiritos loucos, cahindo depois tão gravemente doente a ponto de chegar ás portas da morte, sempre afflicto pela visão, que vira em Yviret, e pelos espiritos de que já fallei.

Finalmente ouvio uma voz interior dizendo-lhe que se quizesse livrar-se de tál afflicção e molestia, e ir com Deos para o Ceo convinha, antes de morrer, lavar-se com essa agoa, que cahio n’elle quando esteve na casa de Tupan em Yviret.

Obedecendo a esta voz, em madrugada alta, mandou um seo irmão ter comnosco, e pedir-nos por intermedio do chefe dos francezes, cuja intervenção invocou, um pouco d’agoa de Tupan, n’uma porção de algodão, guardada n’um caramémo,[NCH 95] afim de não se perder uma só gotta para lavar sua cabeça, e ir assim lavado para o Ceo.

Cumprio a ordem o enviado, dando seo recado ao Sr. de Pezieux, bom catholico, que se admirou, bem como o Sr. de Ravardiere e outros.