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o bravo Pezieux n’uma imprudente tentativa por não ter executado as ordens do seu chefe mais experiente do que elle.

Tomaram por sua vez a offensiva os portuguezes, e em pouco tempo, apesar da sua reconhecida habilidade e do seu notavel valor, foi obrigado o Chefe da nova Colonia a concordar n’um armisticio, cujo desenlace seria terminado perante as Cortes de Madrid e de Pariz, para as quaes appellaram ambas as partes belligerantes.

Antes de chegar a este ponto vio Ravardiere de seo exercito cem homens mortos e nove prisioneiros. Pode dizer-se, que si sua resistencia foi a de um bravo, como tal ja reconhecido, o procedimento, que então ostentarão seos adversarios, foi em todo o sentido generoso, porem, força é dizer que depois de convenções tão livremente estipuladas, e quando em 3 de Novembro de 1615 entregou Ravardiere com todas as solemnidades o Forte de São Luiz á Alexandre de Moura appareceo um acto de deslealdade manchando esta campanha tão nobremente terminada. Ravardiere deixou o Maranhão e foi em companhia de Alexandre de Moura para Pernambuco, d’onde partio em pouco tempo para Lisboa, e ahi no Forte de Belem soffreo rigorosa prisão, que não durou menos de tres annos.[1]

Pelo que acabamos de dizer vê-se facilmente, que a Cidade de S. Luiz, a florescente Capital de uma das mais ricas Provincias do Brasil, é uma Cidade de origem absolutamente franceza, e a Camara Municipal assim felizmente o comprehendeo por haver ainda ha pouco tempo feito surgir das

  1. Ordinariamente calam os historiadores esta ultima circumstancia, e não se encontra nem se quer referida summariamente e sem commentarios senão na collecção diplomatica (Quadro elementar) do Visconde de Santarem. A Carta authographa, que prova o captiveiro de Ravardiere existe na Bibliotheca da rua Richelieu, onde a vimos. Ella contraria, repita-se, o que se passou um anno antes no campo de Jeronymo d’Albuquerque. Está escripta com muita moderação, e foi derigida a M. de Puysieux (Vid fonds franç. — Nº 228 — 15 p. 197.)