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Pernambuco: Claudio d’Abbeville é muito explicito n’este ponto.

Mas não é d’isto que quiz tratar o nosso bom missionario: a vacca brava, ou bragua, como chama em outro lugar, é o Tapir ou Tapié, conforme Montoya, animal muito commum em todo o Brasil.

Para denominal-o serviram-se os hespanhoes e portuguezes d’um nome pedido por emprestimo aos Mouros. Chamavam-no tambem Anta ou Danta, que significa, dizem, bufalo. Quando chegou aos americanos a sua vez de dar nome ao boi, chamaram-no Tapir-açù.

Martius observa com razão, que esta palavra na lingua geral se applica a todo o mamifero corpulento. Sendo este pachyderma o animal mais corpulento conhecido na America do Sul, foi sua caça procurada de preferencia pelos Europeos, e assim desappareceo, ou pelo menos tornou-se mais rara nos lugares onde outr’ora era abundante. Em certos paizes da America era um animal sagrado, e assim figura em diversos monumentos.

No Brasil procuravam os indigenas este animal, tanto por ser boa caça como pela espessura de seo couro, de que faziam escudos impenetraveis ás flexas, pela maior parte armadas de uma ponta aguda de madeira ou de cana.

João de Lery trouxe do Brasil para França alguns d’esses broqueis, porem não chegaram á Europa, porque uma terrivel fome devida á longa viagem de 5 mezes obrigou o pobre viajante a comel-as, depois de amolecidas por meio d’agoa.

Os nossos leitores que desejarem conhecer minuciosamente o Tapir americano, consultem uma excellente dissertação, dedicada especialmente á este animal, escripta pelo Dr. Roulin, Bibliothecario do Instituto.

No Glossario de Martius lê-se uma extensa synonimia relativa ao Tapir. (Vide pag. 479.)