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No modo de pensar desta pobre mulher a salvação do recem-nascido depende do procedimento stoico de seo marido. Nunca podemos saber qual era o motivo, que obrigava os antigos a entregarem-se a este repouso tão exquisito, não differente provavelmente do concedido aos americanos. Carli, cuja engenhosa erudicção explica tantas coisas antigas da America, não procurou mesmo uma hypothese para descobrir motivo tão ridiculo. Enganou-se por certo, quando disse serem elles alimentados abundantemente. (Vide Lettres Américaines. Boston et Pariz, 1788, T. 1 pag. 114.)

É bom ler-se com cuidado a versão francesa d’esta curiosa passagem.

Não soube o traductor francez, Febvre de Villebrune, dar real valor ás palavras italianisadas pelo autor.

Antonio Biet, é mais justo para com os indios, e menos inclinado á zombaria do que os seos predecessores, quando descreve a «incubação» entre os Galibis.

«O pobre indio, diz elle, soffre muito durante seis semanas, come pouco, e quando acaba o resguardo, está tão magro como um esqueleto.»

O mesmo viajante nos mostra o Galibi, sempre paciente, não deixando a casa grande, e nem se animando a levantar os olhos para os que o rodeiam. (Voyage de la France equinoccial, Livro 3.º pag. 390.)

Descrevendo os costumes de certos Caraibas, não podia o autor da historia moral das Antilhas esquecer a incubação.

Rochefort conta as particularidades e especifica sua analogia com uma ceremonia identica, que vio n’uma provincia de França.

Este repouso forçado do indio pareceo-lhe muito absurdo, porem não nega ao pobre paciente o merito do jejum, antes confessa, que durante sua reclusão apenas lhe dão um pouco de farinha e agoa. (Vide Historia moral pag. 494.)

Não proseguiremos n’estas citações, bastando dizer que entre os povos do Brasil os Tupiniquins, os Tupinacs, os Tabajares,