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O Maya, o Quiché, o Aztéco, o Quichua, o Aymara não são o que foram no tempo de Cortez, de Alvarado, e de Pizarro.

Si o sabio Veytia podesse, ha perto de um seculo, confrontar a differença enorme, que apresenta o Nahuatl antigo com o que fallavam muitas pessoas do seo tempo, imagine-se o que não succederia quando se fizesse a mesma confrontação entre a lingua Tupy, e o moderno Guarany.

Esta ultima lingua, tão em uso no Paraguay, não é mais fallada com a pureza da sua origem, segundo diz o Sr. Beaurepaire de Rohan, si não pelos Cayuas, das nascentes de Iguatiny.

São pois mui preciosos todos os livros, que tratam da lingua antiga debaixo do ponto de vista grammatical.

Debaixo d’este ponto de vista, as viagens d’Hans Staden, de Thevet, e de Lery tem mais valor do que as Relações de Claudio d’Abbeville e Ivo d’Evreux.

Acham-se todos os promenores apreciaveis á este respeito no nosso opusculo publicado sob este titulo — Une fête bresilienne célébrée á Rouen en 1550. Suivie d’un fragment du XVI siécle roulant sur la Théogonie des anciens peuples du Brésil e des poésies en langue Tupique de Christovam Valente. Pariz, Techener, 1850, gr. em 8.º

O sabio Hermann E. Ludewig não conheceo o vocabulario apresentado pelo padre Ivo, ou pelo menos não tratou d’elle. (Vide The literature of American aboriginal languages. London, 1857, in 8.)

Finalmente tem se feito n’estes ultimos tempos trabalhos de tanto folego, merecendo o primeiro lugar os do illustre Martius.

Um distincto litterato brazileiro, o Dr. Gonçalves Dias, que já publicou em Leipzig o Diccionario da lingua Tupy (1858) foi de novo estudal-o nas profundas florestas do Amazonas.

A philologia brasileira ainda fará grandes progressos.