380

43 (pag. 94).

Aqui ha falta sensivel em nosso texto, por ter indubitavel o nosso viajante occupar-se largamente d’uma raça, que com os Morobixabas representam o papel principal na vida civil e politica dos Brasileiros.

Simão de Vasconcellos nas suas — Noticias do Brasil — nada deixa a desejar a tal respeito, e para elle enviamos nossos leitores, observando apenas que os Piayes, os Pagé ou Pagy somente alcançavam a prodigiosa influencia, que gozavam, submettendo-se á experiencias e a jejuns tão rigorosos a ponto de arriscarem sua vida, obtendo finalmente o titulo, que tanto ambicionavam.

São as mesmas essas provas ou experiencias desde a embocadura do Orenoco até as do Rio da Prata.

Quando o candidato estava ja muito enfraquecido pelo jejum, entregavam-no ás mordiduras das formigas, abarrotavam-no de bebidas asquerosas, cuja base era o succo do tabaco, e algumas vezes defumavam-no a ponto de perder os sentidos.

Si resistia a taes supplicios, era igual senão superior aos guerreiros.

Deixou-nos Vasconcellos a respeito do que se pode chamar Collegio dos Piagas, á similhança do Collegio dos Druidas, certas particularidades muito minuciosas, applicaveis principalmente ás Provincias do Sul.

No Norte os Pages Aybas eram os feiticeiros afamados astrologos, ou melhor tempestuosos, a que nada podia resistir. Sob sua dependencia estavam os astros, e sob sua obediencia o sol e a lua para cumprir suas ordens: desencadeiavam os ventos e levantavam tempestades. Os mais ferozes animaes, como as onças e jacarés, obedeciam-no.

Para alcançar aos olhos do publico tal poder recorria o Pagé Aybas a um meio, que nunca falhou, isto, é a herva dos feiticeiros ainda mais poderosa do que a da Europa, o Paricá, cujos effeitos terriveis foram descriptos pelo Dr. Rodrigues