384

51 (pag. 118).

O padre Ivo quando quer designar o tubarão, escreve impropriamente requin, quando na primitiva era requiem. Pode bem ser, que o nome imposto a este peixe tão voraz provenha da rapidez com que mata.

52 (pag. 120).

O Maracá era um instrumento symbolico, usado tanto nas festas religiosas como nas profanas. Thevet, o guarda das curiosidades do Rei, o descreveo muito bem em seos manuscriptos, inedictos, e como sei que não será desagradavel para aqui transcrevo as suas palavras:

Tendo nas mãos um ou dois maracás, que é um fructo grande, de forma oval, similhante ao ovo de abestruz, e da grossura de uma abobora, mais agradavel á vista do que ao paladar, pelo que ninguem o come, fazem com elles muitos mysterios e superstições tão extravagantes como incriveis. Cavam o fructo, enchem-no de milho graudo, amarram-no a ponta de uma haste, enfeitam-no com pennas e enterrando a outra ponta, fica ella em pé. Cada casa tem um ou dois Maracás, que respeitam como si fosse Tupan, trazendo-o sempre na mão, quando dançam e fazendo chocalhar.

Pensam que é Tupan que lhes falla (Manuscripto de André Thevet, conservado na Bibliotheca Imperial de Pariz.)

Hans Staden e Lery, Roulox Baro escreveram largas paginas a respeito do Maracá, e o proprio Malherbe falla dos que ouvio em Paris por occasião do baptismo de tres indios sendo padrinho Luiz XIII.

Chegando a Pariz, e residindo no Convento dos seos protectores, os indios revestidos dos seos bellos adornos, e com o maracá em punho, excitaram muito enthusiasmo, a ponto de haver muita paixão pela sua dança e pela sua propria musica.