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Uma nota, mesmo concisa nos levaria muito longe, e vêr-nos-iamos forçados a chamar a attenção do leitor para um opusculo, no qual reunimos tudo o que podemos encontrar á respeito das ideias mythologicas dos Tamoyos e dos Tupinambás. (Vide sobre os Maraïta — Une fête bresilienne célébrée à Rouen em 1550 suivie d’un fragment du XVIme siécle roulant sur la Théogonie des anciens peuples du Brésil. Paris, Techener, 1850 gr. in 8.º)

108 (pag. 301).

A legenda brazileira de geração em geração transmittio a narração das perigrinações de dois prophetas, bem distinctos, igualmente estimados por esses selvagens, que os chamou Tamandaré e Sumé.

Como Boudaha, deixou o ultimo impressas as suas pegadas sobre a rocha viva, quando deixou a terra.

O mytho de Tamandaré, que se lê na descripção do diluvio americano, é contado extensamente por Vasconcellos nas suas Noticias do Brazil, pag. 47 e 48.

Ahi se lerá como o Noé americano subindo ao cume de uma palmeira, que tocava com o seo vertice o Ceo, e agarrando d’ahi sua Familia poude salval-a, e com ella repovoou a terra.

Na phrase aqui citada, Ivo d’Evreux alludio ao legislador mais moderno, Sumé, este Triptolémio brazileiro, que ensinou a cultura da mandióca aos descendentes de Tamandaré.

Simão de Vasconcellos diz mui positivamente, que «havia entre elles tradicção muito antiga, transmittida de paes a filhos, dizendo haverem apparecido, muitos seculos depois do diluvio, homens brancos n’estas terras, que fallavam aos povos de um só Deos e de outra vida. Um d’elles chamava-se Sumé, que parece quer dizer Thomé

Preferindo a tradicção, que dá a São Bartholameu a honra de haver evangelisado os povos longiquos, provou com isto o Padre Ivo o seo conhecimento das origens.