XLIV

Quasi que temos certesa, á vista dos manuscriptos doados pelo grande Convento da rua de Santo Honorato, de ter vivido o Padre Ivo d’Evreux alem de 1629, já esquecido porque n’aquelle tempo havia firme proposito de desviar o Rei de Hespanha das tentativas feitas, não havia muito, á respeito do Maranhão.

É verdade, que os antigos chefes da expedição não poderam renovar tão vasta empreza, onde se achavam seos maiores interesses.

Embora a estima, que parecia gosar na corte o Almirante Rasilly, foi mal succedido em todos os seos projectos com este fim, e depois que o bravo Ravardiere, preso no Castello de Belem, recobrou a sua liberdade, nunca mais regressou á America do sul.

Apparecem ainda estes dois nomes na historia da nossa marinha[1] e de maneira gloriosa, porem na Africa, n’essas praias doentias, onde para segurança do commercio deviam ser castigados de vez em quando atrevidos piratas.

Ravardiere, como acabamos de vêr, empregou gloriosamente os ultimos annos de sua vida tão activa em favor do Christianismo, assim como já o tinha feito em prol de sua patria, faltando-lhe apenas tempo para redigir a Narração de suas viagens pela America do sul.

Sabemos com certesa ter ordenado, que se escrevesse em 1614 um Relatorio minucioso de sua expedição pelo

  1. Isaac de Razilly, cavalleiro da ordem de São João de Jerusalem, primeiro capitão do almirantado de França, chefe d’esquadra da armada real na provincia da Bretanha, foi nomeiado almirante da frota real, em expedicção nas costas da Barbaria no anno de 1630, e adjunto de Ravardière: em 3 de septembro d’esse mesmo anno estava elle em Safy resgatando captivos.