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Levou em sua companhia 40 soldados valentes, e 10 marinheiros, e por cautella tambem 20 dos principaes selvagens, tanto da Ilha do Maranhão e de Tapuytapera, como de Cumã.

Seguio para Cumã[NCH 17] onde o esperavam muitas canoas de indios, e provendo-se de farinha seguio para Caieté onde haviam 20 aldeias de Tupinambás, e ahi se demorando mais de um mez, reforçou a tripolação de sua embarcação com mais 60 escravos que lhe deram.

No dia 17 de agosto partio de Caieté com muitos habitantes d’essa localidade, e dirigio-se para a aldeia Meron, onde em grandes canoas embarcou selvagens e francezes, e seguio para a embocadura do rio Pará: em viagem morreo afogado um francez por ter se virado a canoa em que elle ia, porem salvaram-se seos companheiros trepados no dorso da mesma.

O rio Pará desde a sua emboccadura para cima é muito povoado de Tupinambás; chegando á ultima aldeia, situada á 60 legoas da sua emboccadura, todos os principaes d’esses lugares lhe pediram com instancia, que fosse guerrear os Camarapins,[NCH 18] os quaes são muito ferozes, não querem paz, e por isso não poupam seos inimigos, pois quando os captivam, matam-nos e comem-nos: poucos dias antes tinham matado tres filhinhos d’um dos principaes dos Tupinambás d’aquellas regiões, e guardaram os ossos d’elles para mostrar aos paes afim de causar-lhes mais dó.

Este exercito de francezes e de Tupinambás, em numero de 1200, sahio do Pará, entrou no rio de Pacajares, d’ahi dirigio-se ao de Parisop,[NCH 19] onde encontraram Vuacété ou Vuac-Uaçú, que simpathisando com este movimento offereceo para reforçal-o 1200 dos seos companheiros.

Acceitou-se apenas um pequeno numero de selvagens, que elle mesmo acompanhou, e os encaminhou ao lugar, onde residiam os inimigos, o qual era nas Iuras,[NCH 20] que são casas feitas á imitação das «Ponte aux changes,» de S. Miguel de Paris, collocadas no cume de grossas arvores plantadas n’agoa.