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que começava a iluminar-se. A sala ainda não tinha luzes e havia uma grande paz no exterior. Casas do morro começavam a iluminar-se e todas pareciam contemplar-nos com simpatia. A palmeira, em pé, muito firme, adormecera. Uma cigarra estridulou no jardim, e mais depressa nos vieram as cismas. A cigarra calou-se. Fumávamos, eu e Gonzaga, e olhávamos o morro, enxergando pouco.

— Como estará o Romualdo?

— Como vai ele? perguntou D. Escolástica.

— Muito mal. E o Aleixo Manuel, aos oito anos, tão vivo, tão excepcional... Coitado! Sem as doçuras maternas já; agora, o pai... Como vai ser sempre a sua alma cheia de arestas...

— Ele tem ido ao colégio, Manuel? fez-lhe a tia.

— Vai. É uma criança extraordinária, muito mesmo; já lê desembaraçadamente e calcula... Ah! se for o gênio esperado!.. Quem dera!?

Gonzaga pôs-se a olhar interrogativamente. A sala estava quase em treva completa e, na indecisão dos traços de sua cabeça, eu só via o seu grande olhar que me envolvia todo, respirando vaticínios de simpatia. D. Escolástica