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eu a sentia hostil; mas cedi e jantei com ele, a irmã e o afilhado.

O jantar foi triste; D. Escolástica, com a indiferença do seu olhar verde, jantou sempre cerimoniosa, tendo sempre um sorriso de bondade fixado nos lábios. Não perdia nunca aquele seu ar de remanço, de placidez. Mas com tanta passividade que não lhe adivinhei qualquer contração ter descoberto a crise por que vinha passando o irmão. Era como essas deliciosas paisagens para onde corremos quando a alma se nos tolda de desgosto. Contemplamo-las, horas e horas, esperando um consolo, um afago, e elas nada nos dizem. Continuam, como sempre, belas para toda a gente, mas sem compreensão simpática para um qualquer dentre os muitos que as procuram. D. Escolástica continuava plácida e remansosa, mas parecia ser assim para todos, sem escolha nem eleição. Diante da recente agitação do irmão e, antes, em face de sua indiferença nirvanesca por tudo, do seu niilismo intelectual, ela sempre procedeu como a paisagem: ficou muda, ficou muda em uma palavra para animá-lo, e sem um conselho para sossegá-lo. Acabado o jantar, Gonzaga de Sá vestiu-se pacientemente, carinhosamente. Íamos em cadeira de segunda classe, eu, por causa