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— Chic, rica! A metade não pagou entrada...

— Há muito que eu não via tanta gente poderosa reunida...

— E, em todo o caso, curiosa e representativa, disse-me ele.

Estivemos alguns instantes a sorver o mel daquela música, mais realçada ainda pela doce voz dos cantores, que nos vinha aos ouvidos como uma carícia fora das coisas. Vi num camarote uma linda senhora, de busto alto, linhas rígidas, que se apresentava sozinha. Procurei ver-lhe o rosto; era a Pilar, uma espanhola que talvez muito influísse nos destinos da pátria.

Gonzaga de Sá ouvia e eu perturbei-o apresentando-lhe a espanhola:

— Conheces? perguntei. Quem é?

— A Pilar! A ninfa da alta política, da alta finança, de toda a pirataria com patente.

— Ahn! É justo que as haja para todas as classes, tanto mais que é invejada. Olha como a vê a honesta Mme. Aldong — 7º camarote, da 1ª ordem, à direita... Viste?

— Vi, respondeu Gonzaga de Sá.

— Sabes quem é Mme. Aldong?