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do pensamento desinteressado... Além disso, são necessárias mil curvaturas para chegar até eles, os grandes jornais; e, quando se chega, para não escandalizar a média e a grande burguesia, onde eles têm a sua clientela, é preciso atirar fora o que se tem de melhor na cachola.

— E as revistas?

— São a mesma coisa, tendo a mais as fotografias.

— Não há entre nós, continuou ele, aquela procura que estimula a argúcia dos editores e empresários de publicidade do estrangeiro — a da inteligência viva e nova. Qual o que! Satisfazem-se os nossos negociantes de livros e jornais com o ramerrão, e, para variar, mandam buscar a novidade em Portugal. Sofreiam o nosso pensamento, porque, quem não aparece no jornal, não aparecerá nem no livro, nem no palco, nem em parte alguma — morrerá. É uma ditadura.

— Você deve dividir a culpa... E o público? e os autores?

— O público é maleável, é dirigível; os autores, estes sim, têm culpa. Entretanto, eu achei um meio de travar conhecimento com a jovem inteligência de minha terra: leio as revistas obscuras e alguns jornais de província.