A vaidade satisfeita, ou ofendida, é a que nos faz buscar a solidão, e o retiro; como temerosos de perder a tristeza, em que achamos um agrado de género diverso. Há muitos males, em que a vaidade parece se deleita; e ainda sem vaidade a alegria muitas vezes nos soçobra; não só o excesso, mas ainda a mediocridade dela; porque nunca a gozamos sem alguma perturbação: um receio insensível de a perdermos, basta para oprimir-nos, e por mais que o contentamento nos extasie, nunca nos deixa em estado de não sentir. A vaidade satisfeita não nos entrega à alegria, sem primeiro a temperar, com a mesma equidade com que nunca nos entrega todos à tristeza. A união do gosto com o pesar não é incompatível, por mais infinita que nos pareça a distância de um a outro extremo. Também a vaidade, e a humildade muitas vezes se encontram, se unem, e se conservam.