A primeira cousa, que a natureza nos ensina, é amar; e assim o primeiro afecto, que sabemos, é aquele mesmo por onde a nossa existência começa a ter princípio. Novos no mundo porém não no amor, esse se manifesta em nós logo no berço; ali mostramos para alguns objectos desagrado, e inclinação para outros; a uns buscamos com riso, e de outros fugimos com medo; uns nos servem de espanto, outros de divertimento choramos por alcançar uns, e também choramos por evitar outros; como se o ódio, e o amor naquela idade não tivessem outro modo de explicar-se, nem soubessem mais idioma que o das lágrimas: também não é novo o chorar-se de gosto, do mesmo modo com que se chora de pena.