A desordem dos homens parece que é precisa para a conservação da sociedade entre eles: é preciso com efeito, que sejamos loucos, e que deixemos muitas vezes a realidade das cousas, só por seguir a aparência, e vaidade delas. Que maior loucura, que a que nos expõe a perder a vida na expectação de podermos servir de objecto ao vaidoso ruído da fama? Que maior delírio, que sacrificarmos o descanso ao desejo de sermos admirados? Que desvario maior, que o fazer ídolo da reputação, fazendo-nos por essa causa dependentes, não só das acções dos homens, mas também das suas opiniões; não só das suas obras, mas também dos seus conceitos?