Revista da Exposição Anthropologica Brazileira/M. M. F. Poe. 6
POESIA
A Caipora
E’ caboclinho feio,
Alta noite na mata a assoviar ;
Quando alguem o encontra nas estradas
Saltando encruzilhadas,
Se põe a esconjurar !
E’ alma de um Tapuio
Fazendo diabruras no sertão...
Cavalgando o queixada mais bravio,
Transpõe valles e rio
Com um cachimbo na mão !
Assombro das manadas,
Enreda a onça em moitas de cipó ;
De montanha em montanha vai pulando,
Vai quasi que voando,
Suspenso n’um pé só !
Ao pobre viandante
Assombra e ataca em meio do caminho ;
E pede fumo e fogo, e sem demora
Lhe mostra a Caipora
Seu negro cachimbinho.
Servido no que pede,
A contas justas, safa-se a correr...
Do contrario, se fica descontente,
De cocegas a gente
Faz rir até morrer.
E’ caboclinho feio,
Alta noite na mata a assoviar ;
No norte, diz o povo convencido :
— Não indo prevenido
Não é bom viajar !

Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.

