Não te crimino a ti, plebe insensata
Não te crimino a ti, plebe insensata,
A van superstição não te crimino;
Foi natural, que o frade era ladino,
E esperta em macaquices a beata:
Só crimino esse heroe de bola chata,
Que na eschola de Marte inda é menino,
E ao falso pastor, pastor sem tino,
Que tão mal das ovelhas cura, e trata:
Item, crimino o respeitavel Cunha,
Que a frias petas credito não déra,
A ser philosopho, como suppunha:
Coitado! Protestou com voz sincera
Fazer geral, contrita caramunha,
Porém ficou peor que d’antes era!
Notas
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[Nota de Inocêncio Francisco da Silva. O texto por ele referido pode ser conferido em Historia maravilhosa da intitulada beata d'Evora.]
Além do soneto de Bocage, que deixamos transcripto no texto, a que a presente nota serve de illustração, outros mais appareceram ao mesmo assumpto. Os seguintes, que não deixam de ter seu merecimento, attribuem-se a Miguel Tiberio Pedagache:
[Nota de Inocêncio Francisco da Silva. Os sonetos por ele referidos podem ser conferidos em 1) De c′rôa virginal a fronte ornada; 2) Acredite, sentado aos quentes lares.]
- ↑ MATTOSO, Glauco. Bocage, o desboccado; Bocage, o desbancado. São Paulo: 2002. Disponível em <http://www.elsonfroes.com.br/bocage.htm. Acesso em: 28 maio 2014.