Tu, oh demente velho descarado,
Escandalo do sexo masculino.
Que por alta justiça do Destino
Tens o impotente membro decepado:
Tu, que em torpe furor incendiado
Soffres d′impia paixão ardor maligno,
E a consorte gentil, de que és indigno,
Entregas a infructifero castrado:
Tu, que tendo bebido o menstruo immundo,
Esse amor indiscreto te não gasta
D′impia mulher o orgulho furibundo:
Em castigo do vicio, que te arrasta,
Saiba a inclita Lysia, e todo o mundo
Que és vil por genio, que és cabrão, e basta!
Notas
editarNas «Poesias Satyricas ineditas de M. M. B. do Bocage, colligidas pelo professor A. M. do Couto» (Lisboa 1840), vem este soneto a pag. 28, e tem ahi o seguinte titulo: — A um musico velho chamado L. F. — Não alcançamos alguma outra indicação, nem mesmo vimos outras copias d′este soneto, com as quaes podessemos conferil-o.
[Nota de Inocêncio Francisco da Silva.]
- ↑ MATTOSO, Glauco. Bocage, o desboccado; Bocage, o desbancado. São Paulo: 2002. Disponível em <http://www.elsonfroes.com.br/bocage.htm. Acesso em: 28 maio 2014.