A FELICIO DOS SANTOS


Felicio amigo, se eu disser que os annos
Passam correndo ou passam vagarosos,
Segundo são alegres ou penosos,
Tecidos de affeições ou desenganos,

«Philosophia é esta de rançosos!»
Dirás. Mas não ha outra entre os humanos.
Não se contam sorrisos pelos damnos,
Nem das tristezas desabrocham gozos.

Banal, confesso. O precioso e o raro
É, seja o céu nublado ou seja claro,
Tragam os tempos amargura ou gosto,

Não desdizer do mesmo velho amigo,
Ser com os teus o que elles são comtigo,
Ter um só coração, ter um só rosto.