1Basta, Senhor Capitão,
que se recebeu Você?
estimo muito: porque
deu à terra um alegrão:
a este himeneu lhe dão
os parabéns, os que o vêem,
e eu lhos darei também:
porque é razão natural,
que como sinto o seu mal
folgue também com seu bem.
  
2A Noiva, que você goza,
partes tem para querida,
é nobre, é bem entendida,
é rica, e muito formosa:
não tem finalmente cousa,
das que a malícia reprova:
não é velha, é muito nova,
dizem, que honrada seria,
o que você provaria,
quando lhe tirou a prova.
  
3Bem mostra, que com quatro olhos
buscou tão bela consorte,
porque mulher de tal porte
não se enxerga sem antolhos:
livre está você de abrolhos,
meu Capitão de Couraças,
de que pode a Deus dar graças;
mas repare nos retornos,
não se convertam em cornos
essas luzentes vidraças.
  
4Que a mulher, que se requesta,
ou seja dama, ou casada,
de quem se vê mais amada,
põe logo o dado na testa:
e veja você, que desta
ter muitos zelos convinha,
que, quem foi levianazinha,
não é grande maravilha,
siga os passos, como filha
da mãe, que vai pela vinha.
  
5Você no ardente aparelho
além de ser grão soldado,
me parece sutil galgo
no alcançar deste Coelho:
mui honrado fica o velho
da sua filha lhe dar
para com você casar:
porque sabe sem descontos
dessa fidalguia os pontos
e entende do seu Solar.
  
6Só duas mães feiticeiras
tal casamento fariam,
que já de putas viviam,
e hoje só de alcoviteiras:
estas duas medianeiras
com redomas, e ungüentos,
Circes nos encantamentos
fizeram com seus assaltos
vossos pensamentos altos
sujos, e vis pensamentos.
  
7Fizeram estas traidoras
com seus feitiços sutis
semelhantes os ardis
das Circes encantadoras:
as quais com traças sonoras
(muitos nas fábulas leram)
que alguns homens converteram
em porcos: mas estas duas
com feitiçarias suas
mais do que porco o fizeram.