Robert Helling | 95

remar e remar, não queria ficar completamente abatido. Poesia e prosa, como vocês sabem, andam sempre tão próximas! Depois de longas disputas com as furiosas correntes, finalmente cheguei nas águas calmas e desembarquei, completamente acabado, ao lado da canoa fugitiva. Com grande esforço eu subi para dentro para me pôr de cócoras e descansar por algum tempo; os flancos do bote me protegeram razoavelmente do vento frio, e assim eu pude esperar até que o meu sangue agitado tivesse descansado do esforço sobre-humano. Então eu amarrei o “golfinho” à canoa e remei para o outro lado do rio onde o meu pessoal me recebeu com gritos de júbilo. Infelizmente só consegui soltar um rosnado feroz em retribuição e me apressei em vestir-me.

A travessia realizou-se agora sem incidentes, na qual os cavalos foram guiados pelo cabresto e podiam nadar ao lado da canoa. Quando eu quis ser transportado para o outro lado com os últimos quatro homens, finalmente o valente canoeiro voltou de lá arrastando os pés e observou a jangada com grande interesse. “Bela jangada!” opinou ele então com um sorriso maroto. “O senhor poderia deixar ela aqui para mim!” Mas eu me vírei, e com um corte soltei a taquara que unia tudo, dei tal pontapé na jangada que ela voou na água que dançava na nossa frente. “Vá buscar a jangada se você tanto quer, seu palerma!” gritei para ele e mostrei o chicote, cuja linguagem penetrante ele entendeu muito bem; então ele retirou-se o mais depressa possível. Mas nós nos apressamos duas vezes mais rápido para o aconchego do lar.