— Só por isto, acrescentou com energia. Porque desejava tambem, antes de morrer, poder dar, se v. exc.^a, D. Patrocinio, me permitte a expressão, uma cacheirada mortal no atheismo e na anarchia. E dava-lh’a!

Todos declararam fervorosamente o dr. Margaride digno d’esses fastigios sociaes. Elle agradeceu, seriissimo. Depois volveu para mim a face magestosa e livida:

— E o nosso Theodorico? O nosso Theodorico ainda não nos disse qual era a sua ambição.

Córei: e Paris logo rebrilhou ao fundo do meu desejo, com as suas serpentinas de ouro, as suas condessas primas dos Papas, as espumas do seu champagne — fascinante, embriagante, e adormentando toda a dôr... Mas baixei os olhos; e affirmei que só aspirava a rezar as minhas corôas, ao lado da titi, com proveito e com descanso...

O dr. Margaride porém pousára o talher, insistia. Não lhe parecia um desapego de Deus, nem uma ingratidão com a titi, que eu, intelligente, saudavel, bom cavalleiro e bacharel, nutrisse uma honesta cubiça...

— Nutro! exclamei então decidido como aquelle que arremessa um dardo. Nutro, dr. Margaride. Gostava muito de vêr Paris.