nós dois homens encruzados nas lages comiam tamaras de Bethabara que traziam no saião, bebendo d’uma cabaça. Pilatos, com o punho sob a barba, olhava somnolentamente os seus borzeguins escarlates picados de estrellas d’ouro.

E Sarêas agora proclamava os direitos do Templo. Elle era o orgulho da nação, a morada eleita do Senhor! Cesar Augusto offertára-lhe escudos e vasos de ouro... E esse Templo, como o respeitára o Rabbi? Ameaçando destruil-o! «Eu derrocarei o templo de Jehovah e edifical-o-hei em tres dias!» Testemunhas puras ouvindo esta rude impiedade tinham coberto a cabeça de cinza para afastar a cólera do Senhor... Ora a blasphemia atirada ao santuario resaltava até ao seio de Deus!...

Sob o velario, os Phariseus, os Escribas, os Nethenins do Templo, escravos sordidos, susurravam como arbustos agrestes que um vento começa a agitar. E Jesus permanecia immovel, abstrahidamente indifferente, com os olhos cerrados, como para isolar melhor o seu sonho contínuo e formoso, longe das coisas duras e vãs que o maculavam. Então o Assessor romano ergueu-se, depôz no escabello o seu leque de folhas, traçou com arte o manto forense, orlado de azul,