— Está tudo direito, não?

— Tudo.

— Escrevi eu mesmo as cartas... veja se estão em ordem...

O guarda-livros fez um gesto de recusa.

— Não; já estou desacostumado dessas coisas... veja. Depois será bom mandá-las entregar, insistiu Teodoro.

— Julgo melhor esperarmos pela resposta do Sidney, de Santos.

— Para quê?

— Adiaremos ao menos a... a catástrofe.

— Ora! o Sidney! há de dizer o mesmo que os outros! Olhe, tenho aqui justamente uma carta dele, que ainda não abri. Vou lê-la agora.

Francisco Teodoro sentou-se muito pálido, e rasgou o sobrescrito com mão trêmula. O guarda-livros desviou a vista. Houve depois da leitura uma grande pausa, em que o silêncio pesava; ao fim de alguns minutos o negociante ergueu-se e começou a passear nervosamente de um lado para o outro. De vez em quando lançava uma pergunta pueril ou distraída:

— Que dia é hoje?

— 29...

— Ah!... sim... 29... é isso... 29... 29... repetia ele baixo.