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vizinhas, um cambiante quasi esverdeado. As nuvens inferiores, acima das quaes passavam os raios do sol, tinham o aspecto rôxo-livido, que o avizinhar da noite ia tornando mais carregado; no mais alto da abobada, as superiores, illuminadas ainda, apresentavam reflexos amarellados que cada vez se afogueavam mais.

Para o oriente haviam-se fundido os nimbos em uma massa unica, uniforme, cerrada, como uma abobada metallica, cujo livor imitava. De quando em quando cruzava os ares uma ave de vôo rapido, soltando pios angustiosos.

Era a esta hora que devia effectuar-se o enterro de Ermelinda.

Estava já aberto o jazigo da familia do conselheiro, aguardando a infeliz creança.

Os padres cantavam na igreja, e o sino repicava, como de festa, saudando a entrada de mais uma alma sem culpas no gremio dos anjos.

Á porta da igreja, no adro e no cemiterio estacionavam alguns ociosos; muitos acercavam-se do sepulcro, movidos pela curiosidade que a nova fórma de enterro lhes suscitava.

As murmurações, comquanto menos manifestas aqui do que na taberna do Canada, nem por isso faltavam.

Até da porta da igreja para dentro, até de joelhos, até de contas na mão e olhos fitos no altar, os murmuradores existiam. Velhas beatas clamavam assim a justiça celeste sobre os impios do seculo, que não queriam enterrar-se no chão sagrado da igreja. Junto da pia da agua benta, aspergindo-se, persignando-se sobre a bôca, para que Deus livrasse de peccar por palavras, n’essa mesma occasião, ellas entoavam os seus threnos e maldiziam dos reformadores, sobre quem chamavam as penas do inferno.

Havia tambem no grupo alguns que conferenciavam em voz baixa e se entreolhavam de maneira