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O LEÃO E O UNICÓRNIO
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O Leão bateu o Unicórnio em redor dos muros
da cidade.
Alguns deram a êles pão branco; outros deram
pão prêto.
Outros deram a êles pudim — e botaram-nos
para fora a fôrça de tambores.

— Será que o que vencer vai apossar-se da coroa? perguntou Alice enquanto corria.

— Que absurdo, menina! respondeu o Rei. Que idéia!

Alice não podia mais consigo, de tão cansada.

— Quer... ter a bondade, disse por fim já quase sem fôlego, de parar um momento? Preciso respirar...

— Só pararemos lá adiante, foi a desanimadora resposta.

Alice não teve fôlego para replicar. Continuou a acompanhá-los na carreira, até que avistou uma grande multidão que fazia roda aos lutadores. Lá estavam o Leão e o Unicórnio dentro duma nuvem de pó tão espêssa que Alice não pôde distinguir qual era um e qual era outro. Por fim reconheceu o Unicórnio pelo pontudo chifre que possui no meio da testa.

Perto dêles estava Cairo, o outro Mensageiro, que servia de juiz, tendo em uma das mãos uma xícara de chá e na outra um pedaço de pão com manteiga.

— Êle acaba de sair do cárcere, explicou Ciro a Alice, e não havia ainda acabado de tomar o seu chá quando o prenderam. Na prisão o único alimento é cas-