— O que eu não sei é como havemos de tirá-lo dali! Vejamos se ele é capaz de nos ouvir.
E falou alto:
— Que é isso, camarada? Que tem?
— Socorro! Acudam-me! — gemeu a voz lá em baixo.
Era uma voz tão fraca, tão abafada, que parecia a de um moribundo.
— Vamos tratar de ajudá-lo! Espere um pouco!
Os três rapazes, debruçados sobre o valo, viram então mover-se vagarosamente, entre gemidos, a face do velho. As suas longas barbas brancas estavam ensangüentadas...
Não longe do lugar, ouviu-se logo um relincho prolongado. Entre as árvores, viram os rapazes um cavalo, que pastava tranqüilamente.
— Que mistério será este? — disse Juvêncio.
— Água... tenho... sede... — sussurrou a voz do velho...
— Vou descer! — resolveu o sertanejo.
Apertou bem a corda que lhe atava às costas a cabaça, e deixou cair, com cautela, pelo declive, agarrando-se às plantas, apoiando os pés nos troncos secos. Em poucos segundos estava perto do homem e reconheceu que ele estava gravemente ferido. Levantou-lhe a cabeça, encostou-lhe à boca o gargalo da cabaça, e quando o viu saciado, refrescou-lhe a cabeça e a face com um pouco de água. O velho, reanimado, pôde então, em frases entrecortadas, explicar mais ou menos o que lhe acontecera.
Caíra do cavalo, rolara ali, e sentia bem que ia morrer...
— Quem é o senhor? — perguntou Juvêncio.