NÃO, SENHOR!
 

Santinha, filha de um negociante
Que passava por ter muito dinheiro,
Bebia os ares pelo mais chibante,
Pelo mais prazenteiro
Dos rapagões daquelle tempo, embora
O pae a destinasse a ser senhora
Do Souza, um seu collega, já maduro,
Que lhe asseguraria bom futuro.

O namorado (ahi está o que o perdia!)
A’ classe commercial não pertencia:
Era empregado publico; não tinha
Sympathia nem credito na praça.

Entretanto, Santinha
Nunca suppoz que fosse uma desgraça,
Um prenuncio funesto
A opposição paterna, e assim dizia:
— Elle gosta de mim, eu gosto delle...
Que nos importa o resto?
Um para o outro a sorte nos impelle:
Separar-nos só póde a cova fria!

Ria-se o pae, dizendo:
— Isso agora é poesia;