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CONTOS PARA A INFANCIA

Mais longe erguiam-se palmeiras soberbas, carvalhos e platanos frondosos; depois n'um outro sitio isolado havia canteiros de salsa, tomilho, ortelã e outras plantas humildes que representavam o genero de utilidade das pessoas que ellas symbolisavam.

Havia ainda grandes arbustos em vasos demasiadamente estreitos, que pareciam rebentar; mas viam-se tambem floresitas insignificantes, em vasos de porcelana, na melhor terra, circumdadas de musgo, tratadas com esmero delicadissimo. Tudo isso representava a vida dos homens, que a essa hora existiam no mundo, desde a China até à Groenlandia.

A velha queria mostrar-lhe todas estas cousas mysteriosas, mas a mãe impacientada pediu-lhe que a levasse ao sitio onde estavam as plantas pequeninas; tacteava-as, apalpava-as, para lhes sentir o bater do coração, e, depois de ter tocado em milhares d'ellas, reconheceu as pulsações do coração do seu filho.

— É elle!» exclamou, lançando a mão a um açafroeiro, que, pendido sobre a terra, parecia completamente estiolado.

— Não lhe toques, disse a velha. Fica n'este sitio; e quando a Morte vier, que não tarda, prohibe-lhe que arranque esta planta; ameaça-a de arrancar todas as flores que estão aqui. A Morte terá medo, porque tem de dar conta d'ellas a Deus. Nenhuma póde ser arrancada sem o seu consentimento.»

N'isto sentiu-se um vento glacial, e a mãe adivinhou que era a Morte, que se approximava.