flores. De dia as cores mais vivas; de noite o perfume mais suave!

Eu escutava Emília, enlevado como sempre que, em nossas conversas íntimas, ela fazia cintilar a graça de seu espírito volúbil. E se vinham de envolta alguns raios dessa fragrância, que ela chamava perfumes de sua alma, eu os recolhia santamente no coração.

Enquanto ela falava, eu reprimia a respiração para não perturbar a melodia de suas palavras. Se me perguntava alguma coisa, tinha medo de responder-lhe; parecia que minha voz ia dissipar o meu êxtase.

— As melhores horas da minha vida, vivo-as de noite. É quando Deus me visita. Ele desce nos raios das estrelas, e entra em minha alma, aberta para recebê-lo. Tenho-o sentido aqui dentro tantas vezes!... Veio-me agora um capricho!... Olhe!... Quando essas luzes se apagarem, e todos recolherem, quero gozar desta bela noite... Mas há de ser lá, à sombra daquelas jaqueiras, à beira do lago.

As jaqueiras de que falava Emília ficavam muito distantes da casa. Insensivelmente movi a cabeça com um gesto de dúvida.

— O senhor não acredita?... Pois vá até lá.

— Consente!...

Seu olhar casto pousou em mim, como uma linda criança conchegando-se no regaço materno.

— À uma hora. Eu o espero.

Que estranha e bizarra criatura, Paulo! Com que desdém, ela frágil menina de dezessete anos,