DOM JOAO VI NO BRAZIL 111

em sua marcha avassaladora de regides f crazes e bravias ? Ao abrir-se officialmente ao mundo, em 1808, achava-se o Bra zil em grande parte percorrido, pode mesmo dizer-se ate certo ponto explorado, mas quasi nada estudado. Os bandei- rantes paulistas queriam arrecadar indios e ouro: nao se interessavam pela zoologia nem pela botanica, mais do que pela cac.a que podiam comer e pelas hervas que os podiam curar. Exploragoes de caracter scientifico nao as havia syste- maticamente organizadas. Um Alexandre Rodrigues Fer-

reira era um fruto raro da propria iniciativa, nao tanto da iniciativa official. A colonia foi portanto para os sabios euro- peus um verdadeiro mundus novus, que elles se commette- ram a investigar.

As communicagoes da capital com as capiranias visi- nhas pela via terrestre eram relativamente difficeis e irregu- lares, apezar de existirem caminhos sof friveis para Sao Paulo e para Minas e dos sertanejos, inclusive os de Goyaz, se nao incommodarem com as viagens as mais prolongadas, de muitos mezes de duragao, feitas para venderem seus produ- ctos e realizarem suas compras. Essas communicagoes eram todas executadas por tropas de mulas e, fora do estreito campo mercantil em que laboravam, os habitantes do inte rior pouca ou nenhuma curiosidade experimentavam sobre o que occorria a beira-mar, segregados por completo, em corpo e espirito, de um mundo que estava caminhando a pas- sos tao largos para melhor destine. Conta Luccock que na sua viagem a Minas encontrou dous mercadores de Cuyaba, os quaes Ihe confessaram que ate bem pouco (provavelmente ate a chegada da familia real e abertura do Brazil aos estran- geiros) se nao tinha ouvido fallar no seu canto de mundo de guerras europeas, suppondo elles que somente existiam

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