“Isto assim não pode continuar”, pensava o rapaz de nariz comprido, coçando o queixo e caminhando uma noite para casa, “o melhor é casar-me logo de uma vez. Com o que me dão lá em casa e o produto de alguma escrita por fora, creio que poderei ocorrer às despesas, o resto pertence a Deus”.

Não tardou que Ernesto desconfiasse das intenções do rapaz de nariz comprido. Uma vez chegou a surpreender um olhar da moça e do rival. Enfadou-se, e na primeira ocasião que teve interpelou a namorada a respeito daquela circunstância equívoca.

— Confesse! dizia ele.

— Oh! meu Deus! exclamou a moça; você de tudo desconfia. Olhei para ele, sim, é verdade, mas olhei por sua causa.

— Por minha causa? perguntou Ernesto com um tom gelado de ironia.

— Sim, examinava-lhe a gravata, que é muito bonita, para dar uma a você no dia de ano-bom. Agora que me obrigou a descobrir tudo, veja se me lembra outro mimo, porque esse já não serve.

Ernesto caiu em si; recordou que efetivamente havia no olhar da moça uma tal ou qual intenção dadival, se me permitem este adjetivo obsoleto; toda a sua cólera converteu-se num sorriso amável e contrito, e o arrufo não foi adiante.

Dias depois, era um domingo, estando ele e ela na sala, e um filho de Vieira à janela, foram os dois namorados