Se ele morresse, o que seria d’ela?
Dadá cuidava às vezes tristemente -
Se essa criança era como a estrela
Que guiava os Reis Magos no Oriente?

E entre esperanças e temores francos,
Lauro crescia cada vez mais lindo;
Quando falava, os seus dentinhos brancos
Lembravam à gente um bogari abrindo.


Um dia, ao acordar, Lauro queixou-se
De que o corpinho todo lhe doía.
A mãe cercou-o de um carinho doce:
O seu filhinho de que sofreria?

E ele chorava que fazia pena
Naquela alegre e límpida manhã,
Pálida a face como uma açucena,
E o róseo lábio a murmurar: “mamã”!

Dadá beijava aquela mão querida
E os pés e o rosto e o peito nu e a boca:
Queria ver se lhe incutia a vida
Naqueles beijos que lhe dava, louca!

O triste pobrezinho soluçava
Entre as carícias do materno afago;
E, em seus olhos, a morte esvoaçava
Bem como um corvo à tona azul de um lago.