AO MAR


A D. Martha e D. Amelia Pacheco.



Hontem á tarde, ao pé de ti sentada,
Eu puz-me a contemplar-te, ó Mar bravio!
Pensava que acolhida em tuas ondas
Talvez minh’alma não sentisse frio!

Contei-te, uma por uma, as cruas dôres
De minha vida, toda de saudade;
Quiz afogar as minhas maguas fundas
No leito azul de tua immensidade.

Como seria bom morrer ahi,
Moça, innocente, tendo n’alma em flor,
Um mundo virgem de sagradas crenças,
Todo banhado no ideal do Amor!