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Eu não sei quem tu és; eu não descubro
O que ha de vivo, nitido e real
Na aparição estranha do teu sêr!
Tu falas... mas as vozes são phantasmas...
Teu gesto é o d'uma sombra de ramagem
Quando perpassa o zephyro... e os teus olhos
Lembram noturnos longes de Paisagem...
São phantasmas teus labios, onde apenas
Minha anciedade chega, e já cansada...
Phantasma é a tua grande formosura
Que, ainda além da Beleza, foi creada!


«Quem és tu! Quem és tu, ó minha Alma?


«Não te conheço, não! E todavia,
Vejo teu lindo rosto, e sinto bem
A minha dôr beijar tua alegria!
Se és luz, dissipa a nuvem que te veste!
Toma presença humana, ao pé de mim!
Antes fosses um tronco ou rocha agreste
Do que essa Fórma animica e ilusoria!»


E ela então: «Se entendeste a minha voz,
É porque sou vivente creatura...
E é perfeito signal de que eu existo
O teu amor por mim, essa ternura.
Não sabes quem eu sou? Mas para quê
Desejas tu saber! Mais vale amar!
É luz crucificada a luz que vê...
E saberás um dia quem eu sou.»


E Marános mais triste e pensativo,